
Qual lugar é o que nos cabe?
Já faz um tempo que venho observando a necessidade de a gente saber chegar e sair dos espaços. É porque a gente não cabe em todos os lugares, assim como – sem soberba nenhuma – não é qualquer ambiente que fará alguma diferença em nós mesmas. E ainda que seja fácil perceber essa realidade, a gente encontra alguns entraves para cortar o vínculo, deixar para trás, ousar se inserir onde achamos conveniente.
Pensando melhor, a lógica dos espaços é perfeitamente adaptável quando se trata de pessoas. Chega o momento em que a melhor das amizades não mais parece verdadeira ou confiável. Em algum momento a gente vai encontrar pessoas que, por mais legal que sejam, não conseguem acompanhar nosso ritmo e a sintonia que poderia existir não encontra contexto para se inserir. Por outro lado, a gente pode acabar fazendo um esforço danado para se aproximar de quem admiramos, de quem acreditamos possuir algo para nos acrescentar e estimular o melhor que podemos ser. Olha só que desafio!
Dia desses conversava com um conhecido sobre como nos acomodamos quando vivemos com pessoas que não possuem visão a longo prazo nem estabelecem metas para si mesmos. Ainda que o objetivo seja comer um McDonalds no final do expediente ou uma viagem para a ilha no próximo feriado. Mas é bom quando, cheios de sonhos, estamos com pessoas que sonham também. É como se um alimentasse o outro, e um desse coragem pro outro, e ambos ficassem felizes porque fizeram florescer no outro a semente da realização.
A gente precisa saber sair dos lugares e fugir das pessoas que não têm vontade de realização, da mesma maneira que a gente deve buscar ambientes e pessoas que nos propiciem essa possibilidade. Mas, antes de tudo isso, é necessário que despertemos em nós mesmas, primeiro, essa vontade. Porque de nada adiantaria conviver com sonhadores, se nós não conseguimos sequer pregar o olho para dormir. Ou nem mesmo sonhar acordado. Nesse caso, seremos as pessoas e ambientes dos quais os outros correm. Entende como é?
Empoderamento é isso também. E autoconhecimento, observação e humildade são algumas das ferramentas que podemos utilizar para identificar a hora exata de ir e de chegar – e digo mais: de como ir e chegar. Certa feita conversava sobre isso com uma amiga e algumas perguntas que ela me fez pareceram bem norteadoras para isso: O que te acrescenta de positivo? O que tem de bacana nesse ambiente ou nessa pessoa? O que realmente te faz permanecer?
Talvez a gente não encontre essas respostas de imediato. Talvez só o tempo nos ajudará a entender onde cabemos. Mas uma coisa é certa: não encontrar tão logo esse lugar não quer dizer que somos demais ou de menos. Nesse caso, nada impede que construamos um espacinho para nós mesmas e deixemos a porta aberta para quem quiser chegar!
😘
As fotos foram tiradas pela fotógrafa Cláudia Cardozo, da Buenas Imagens. As peças usadas nas imagens são do acervo pessoal da Moça Criada.

