
É paixão que nunca acaba, cachaça que não dá ressaca
Hoje, 7 de abril, é o Dia do Jornalista. Na véspera, me despedi temporariamente, espero, do trabalho em redação. Foram três anos de aprendizado, experiências, saídas da bolha, lugares que jamais imaginei visitar, acessos que jamais pensei que teria um dia. Convivência frequente com o prefeito da capital; entrevistas com a presidente do Brasil, com o presidente da Suprema Corte, com pessoas que antes ostentavam uma idoneidade e hoje estão atrás das grades por crimes que teriam cometido. É incrível essa posição de estar no centro dos acontecimentos que virarão história. É incrível escolher e chegar lá.
Mas não é fácil, não tem glamour, não é valorizado como deveria. Por outro lado, é curioso ver como é apaixonante. Quando todos curtem é quando a gente mais trabalha: se tem festa, estamos lá para mostrar a quem não foi (quase) tudo o que aconteceu. Se é feriado, estamos a postos para dizer (quase) tudo o que está acontecendo a quem saiu da cidade. O jornalista abre mão da própria vida para dar ao outro o bem mais precioso que se pode ter, a informação.


É… Mas já falei que não é fácil?
O que está por trás é meio duro de encarar. É pressão de gente de fora, são interesses políticos e econômicos com os quais somos obrigados a lidar cotidianamente. É a vaidade dos próprios colegas, a arrogância de quem não tem paciência para quem está começando e a intolerância de quem não aceita que alguém possa fazer o mesmo trabalho, mas com o pensamento fora da caixinha do “sempre fizemos assim e deu certo”. Jornalismo é disputa o tempo inteiro. Desde o furo, quem deu primeiro, que só interessa para os próprios veículos. Ou o público que consome a informação para pra avaliar quem noticiou antes?
Mas não é fácil mesmo. É gratificante, verdade, ouvir de uma fonte que ela só dará a informação se for pra você. É confiança. E isso a gente não aprende na faculdade, não compra, não tem nem mesmo fórmula pra conseguir. É nato. E demanda tempo.
Jornalismo é disputa, mas é paciência. É responsabilidade, é se manter em observância para não deixar calar as diversas vozes que precisam ser ouvidas diante das situações. É não se deixar envaidecer. É perceber que todo mundo vai querer usá-lo para alcançar seus próprios interesses. Jornalismo é cuidado.
E ele nunca vai morrer. É paixão que nunca acaba, é cachaça que não dá ressaca.
Respeite o meio e a sua cria.



